A Polícia Civil apresentou ontem (19.11), Clemilton Martins de Carvalho, 39 anos, suspeito de cometer uma série de estupros na Capital e em outros municípios da região metropolitana. Segundo a titular da Delegacia da Mulher, Ana Elisa Gomes Martins, a polícia investigava as ações do acusado há cerca de dois anos. A autorização para a sua prisão preventiva só foi possível após o reconhecimento dele por parte de seis vítimas e de escutas de conversas telefônicas. “Rastreamos por vários meses as ligações do Clemilton, que, aliás, não foram poucas. Durante o período ele teve quase cinquenta linhas. Além disso, seis, das doze vítimas confirmadas até agora, o reconheceram como autor dos crimes”, afirmou a delegada.

Clemilton foi preso em novembro do ano passado, acusado pelo crime de sequestro e cárcere privado, sendo indiciado na 20ª DP, no Setor Sudoeste. “Ele sequestrou três moças no Setor Marista e só não ficou preso porque o crime é afiançável. Ele pagou a fiança e foi solto. Naquele dia, policiais militares conseguiram interceptar o veículo das moças, que prestaram queixa contra ele, acusando-o somente pelo sequestro, uma vez que ele ainda não tinha revelado às vítimas quais seriam as suas reais intenções. Clemilton agia sempre da mesma forma.
Após a abordagem ele permanecia calado durante todo o trajeto percorrido e as vítimas só se davam conta de que seriam estupradas no local do crime. Ele também dificultou as nossas investigações. Muito inteligente e esperto, estava usando um documento original, mas de outra pessoa muito parecida com ele. Inclusive, esse cidadão inocente chegou a ser preso por ser parecido com ele”, revelou.
Clemilton é ex-policial militar e foi expulso da corporação em 2007, acusado de corrupção. O suspeito, além de indiciado pelo crime de estupro contra 12 vítimas, já responde pelos crimes de sequestro, porte de arma de uso restrito, roubo e homicídio. Clemilton também é investigado por ter participado de explosões de caixas eletrônicos e em um roubo que aconteceu no final do ano passado na concessionária de veículos Cical.
ESTUPROS
Clemilton atuava mais na região Sudoeste da Capital. No entanto, agia também em outros bairros e municípios da região metropolitana. “Bares e academias de ginástica próximos ao Bar Bola Sete eram os mais visados por ele. Mas Clemilton também atuava em outros bairros da cidade, assim como em outros municípios. Com ele preso, as investigações vão avançar, principalmente agora, com a ajuda da imprensa, que certamente vai nos trazer mais vítimas e nos ajudar a incriminá-lo. Estou certa de que tiramos das ruas um sujeito de alta periculosidade”, afirmou Ana Elisa.

A delegada contou ainda a forma como o acusado atuava. “Armado com pistola ou revólver, ele escolhia sempre uma dupla ou um trio de moças que estava deixando algum estabelecimento comercial no final de tarde ou à noite. Ele abordava as vítimas dizendo que estava em fuga da polícia e que precisava de ajuda. Até então, as moças pensavam que só iam mesmo dar fuga a um bandido, mas em um determinado ponto, ele assumia o volante e conduzia o veículo sempre para o mesmo local, estradas vicinais, na saída para Guapó. No local, ele cometia atos libidinosos, estuprava as vítimas, as forçava a se acariciarem na frente dele, enquanto ele se masturbava. No final, ele sempre deixava as vítimas no mesmo local onde tinha feito a abordagem. Dalí, ele seguia a pé, o que nos leva a crer que sempre tinha um veículo a sua espera.”
Apenas uma ação foi feita de forma diferente. Esta ocorreu com uma vítima de apenas 15 anos, no Conjunto Cachoeira Dourada, no dia 1º de janeiro deste ano. A adolescente – uma das vítimas – reconheceu o acusado. Outras vítimas também reconheceram Clemilton como o maníaco – duas moças que, no dia 22 de maio do ano passado, foram abordadas na saída de uma academia no Jardim Planalto. Clemilton também fez duas vítimas que saíam do Bar e Restaurante Piquiras, localizado no Setor Marista. Segundo a delegada, todas as vítimas são jovens, bonitas e de classe média.
Clemilton foi preso na manhã de ontem, na residência de sua amásia, no Residencial São Marcos, em Goiânia. O acusado respondeu apenas a uma pergunta feita pela imprensa. Questinado sobre se tinha mesmo cometido os crimes de estupro, ele negou veementemente. Permanecendo curvado, artifício usado para evitar imagens de seu rosto, ele não respondeu a mais nenhuma pergunta.
Fonte: Diário da Manhã
Texto: Maurício Reis
Fotos: G1 e Sebastião Nogueira (Site de O Popular)