
A Polícia Civil de Goiás apresentou nesta terça-feira (12), em Goiânia, um homem de 36 anos suspeito de aplicar golpes e furtar joias, produtos eletrônicos e até carros de mulheres que conhecia via redes sociais voltadas para relacionamento amoroso. Segundo a polícia, ele se apresentava como médico bem-sucedido para seduzir e manipular as vítimas. À imprensa, Oscar Renato Batista Gomes afirmou ser ator e alegou que ele próprio é a vítima da situação.
“Se ela foi à minha casa, deixou essas coisas aí e, três meses depois, não foi buscar, eu não tenho culpa”, diz referindo-se aos objetos que teriam sido roubados. “Mulher mal amada quando pega é uma coisa. Eu não sou santo, o que eu posso até ser culpado é de ter deixado elas apaixonadas e não ter correspondido”, completa Oscar.
O homem foi preso na quinta-feira (7) em Paracatu, Minas Gerais, sua terra natal, após cerca de um mês de investigações por parte da Polícia Civil de Goiás. De acordo com o delegado Hellyton Carvalho, do 8º Distrito Policial(DP), duas mulheres do Distrito Federal registraram ocorrência contra Oscar na delegacia de Goiânia, após terem sido convencidas a passar alguns dias com ele na capital goiana e terem bens como carros, joias e notebook furtados pelo suspeito.
A Polícia Civil ainda não fez a soma de vítimas feitas pelo mesmo homem, entretanto, sabe que ele aplicava diversos tipos de golpes e identificou que ele possui passagens por furto mediante fraude e estelionato no DF e outros quatro estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Norte e Goiás.
O delegado acredita que os golpes eram aplicados pelo menos desde 2013, quando Oscar foi preso no DF por estelionato. Ele chegou a passar um ano preso, e após ser liberado, voltou a cometer os crimes. Segundo o delegado, no próximos dias a Polícia Civil deve indiciá-lo por estelionato e furto mediante fraude. Se condenado, pode ser punido com até 13 anos de prisão.
Ator
Conforme explica o delegado, Oscar se apresentava às mulheres em redes de relacionamento, onde publicava fotos usando jalecos em consultórios. Em sites de buscas constam até mesmo supostos artigos científicos assinados pelo suspeito.
Entretanto, segundo a polícia, os consultórios não passavam de cenários montados por Oscar para forjar a atuação na profissão. Além disso, há relatos de que o homem também já se apresentou como policial federal.
Por outro lado, Oscar alega que as fotos são frutos de um trabalho como ator. “As fotos que vocês viram é porque eu sou ator. Eu estava em uma comédia na qual eu fazia um papel de médico”, afirma.
Vítimas
Segundo a polícia, o perfil das vítimas é de mulheres entre 30 e 50 anos, profissionais liberais, viúvas ou separadas. O delegado detalha que os relacionamentos eram rápidos, de até cinco dias, mas o período era suficiente para Oscar convencer as vítimas até mesmo a assinar documentos para ele.
“Ele é um individuo com uma inteligência bem elevada, bem articulado, fala sobre vários assuntos com muita propriedade, é uma pessoa até engraçada e então acaba levando as vítimas na conversa”, afirma Hellyton.
“Ele foi a uma concessionária com uma das vítimas, simulou a compra de um automóvel de R$ 50 mil para ela. Ele se apresentou como médico, passou os cheques e saindo da concessionária falou: ‘Já dei um carro novo para você, agora vamos vender o seu’. Em outra concessionária, botaram o carro dela à venda, momento em que ela assinou o Documento Único de Transferência de Veículo (DUT). No dia seguinte, ele retornou no local, disse que tinha desistido da venda, retirou o carro e vendeu”, relata o delegado.
Em outras situações, o suspeito pedia R$ 1 mil emprestados às vítimas alegando que havia depositado R$ 3 mil nas contas das mulheres. Entretanto, os depósitos eram feitos com envelopes vazios. Além disso, após passar a noite com as mulheres, ele sumia levando joias e aparelhos eletrônicos.
Na casa de Oscar em Minas Gerais, a polícia recuperou parte dos objetos relatados como furtados pelas vítimas. Além disso, um dos veículos também foi recuperado pelos policiais.
Texto: G1 Goiás
Foto: Divulgação/Polícia Civil